Time to go

Demorei para conseguir aceitar, entender e me expressar sobre tudo.
Levei um tempo para conseguir escrever sobre isso.
É que dói. Dói pensar que tudo foi em vão.
Mas com o tempo a gente entende que algumas coisas simplesmente não são para ser, por mais esforço que tenhamos colocado acerca disso.

Eu criei muitas coisas... E no fim das contas, era apenas isso. Criações da minha cabeça.
Criei uma versão de você, uma versão que não existia, que nunca existiu.
Achei que estava segura, que tinha encontrado um lar. Que finalmente tinha encontrado algo verdadeiro e duradouro. Criei um castelo, com base de areia. E tudo isso desmoronou.

Desmoronou quando percebi que, na verdade, não era pra ser.
Quando percebi que estava certa sobre minhas inseguranças, quando percebi que você nunca quis estar do meu lado.
Quando percebi que eu "me apaixonei pelo que eu inventei de você".
Quando percebi que você nunca se importou comigo, com o que eu sentia, com o que eu queria.
Era sempre tudo sobre você. Sobre o que você queria. Sobre o que te interessava.
Eu era apenas uma personagem coadjuvante na minha própria história.

O que mais dói, é perceber que eu permiti tudo isso.
Eu te coloquei lá. No topo. Eu te coloquei como ator principal do meu filme.
Da minha história. Eu permiti que você me machucasse infinitamente, mesmo sabendo que aquilo me magoava. E você continuou.

Não, isso não é amor. Nunca foi.
Não é amor quando a gente fere o outro por querer, não é amor quando a gente manipula, controla, sufoca, prende.
Não é amor quando a gente reluta em assumir. Não é amor quando a gente reprime, desestimula e tenta proibir o outro de buscar o que gosta.
Não é amor quando a gente chantageia o outro em troca de algo que a gente quer.

Não, isso não era amor.
E eu sabia. Sempre soube.
No fim, eu queria amor. Eu só queria amor.
Acho que queria um amor, que talvez, eu nunca tive. E que achei que você pudesse suprir.
E você se aproveitou disso.
E continuou me manipulando e me controlando mesmo no fim. E eu deixei.
Eu te coloquei lá. Eu te coloquei aí.
E você se aproveitou.

Você me sugou, e eu deixei.
Hoje você está bem, e eu voltei pro lugar onde estava quando nos encontramos.
Mas agora é tudo diferente. Sim, porque eu sei que construí castelos em base de areia.
Sei que eles desmoronaram, e está tudo bem. Porque a base era você, e hoje não é mais.
As bases agora são firmes, e não irão mais desmoronar. Porque a base agora sou eu, como sempre devia ter sido.

Eu agradeço.
Estou melhor agora, mesmo que doa.
Estou melhor agora, pois sei o que é real.
Estou melhor agora, pois sei que não existem mais cordas manipulando o personagem.
Estou melhor agora, porque você se foi, e tudo bem.
Está tudo bem, porque eu tenho comigo a única pessoa que realmente importa. Eu.

Está tudo bem agora, porque hoje, eu sou a atriz principal da minha história.
E te agradeço, porque sem você, talvez demorasse mais tempo para entender.
Agradeço, pois sei exatamente o que não quero mais em minha vida.
Pois sei o que não devo aceitar de modo algum, pelo bem da minha saúde mental.

Obrigada por ter sido exatamente o que foi.

É hora de ir.
Tudo se encerra, de uma vez por todas, aqui.

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