Tenho a mim.

Um dia desses acordei triste, pensei em você. Senti sua falta.
Já faz tanto tempo, e às vezes ainda me pego pensando em você e no quanto seu sorriso iluminava tudo.

Às vezes, parece que te deixar pra trás é impossível, de alguma forma você sempre brota em meus pensamentos e, ah! Como é difícil te tirar daqui.

Ainda é complicado olhar pra trás, sem sentir tanto e tanta culpa.
Mas, aos pouco eu consigo entender que eu me perdi.
Amando um pouco demais, você.
Me perdi.

E me custou tanto tempo, tanto tempo, pra olhar e realmente ver que tudo o que eu precisava fazer era me deixar sentir. Pra voltar e me reencontrar no meio do caminho.

O eu que eu abandonei ali.


Por todo esse tempo, cheia de vazios, cheia de dúvidas.
Cheia de desencontros, desgostos e saudades não sentidas.

Tudo que eu precisava, era sentir a sua ausência.
Sem fugir, sem buscar conforto em outras camas, em outras bocas.
Sem me punir e dizer pra mim que estava tudo bem.

Não está tudo bem.
Eu sinto sua falta.
Me dá um desespero perceber que eu já não lembro mais seu cheiro.

E que suas impressões digitais já desapareceram do meu corpo. Como um caderno velho e esquecido que amarela, desgasta e perde a tinta da caneta com o tempo, as marcas que você deixou em mim também estão se apagando.

Meu corpo já não lembra mais do seu toque, mas clama toda noite por ele.
Minha boca, que já nem lembra mais seu gosto. Sente tanto a sua falta, que seria capaz até de te devorar num encontro.

Nenhum outro sorriso pode iluminar meus olhos como o seu fez. Ah, que saudade!

Mas, sabe o que percebi?
Essa ausência pesada, que me parte em mil pedaços quando te lembro.
Essa dor dilacerante, que pensei que jamais poderia suportar.
Ela diminui todos os dias, um pouco a cada dia.
Cada dia sem você aqui.
Cada dia sem notícias suas.
Todo dia um pouco.

Porque eu tenho a mim.
E todas a vezes que eu precisei de um abraço, quando não podia dormir de tanto chorar, e quando meu coração doeu tanto que a saudade parecia matar... Eu só tinha a mim.
Era eu quem estava lá, por mim.

Porque, eu tive que sentar comigo mesma pra conversar. De igual pra igual.
Me olhar nos olhos, e dizer pra mim mesma que não está tudo bem, mas vai passar.
Tudo. Passa.

Existem outros amores esperando que eu me cure pra poder vivê-los.
Existem outros amores. Talvez menos intensos, mais maduros. Mas, existem outros amores pra mim.

Talvez um dia, você olhe pra trás e perceba que o espaço que antes era minha espera, hoje é apenas o reflexo vazio do seu próprio coração.

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